Divindade incumbida pelo Ser Supremo de criar a terra sólida e povoá-la e de modelar a forma física do homem, Oxalá é frequentemente descrito como o representante do Ser Supremo na terra. Sendo um orixá muito antigo, diretamente originado do Ser Supremo, compartilha com Ele alguns nomes, entre os quais se encontram Òrìsànlá (Grande Orixá, Rei que é Grande); Òrìsà-àlá (Orixalá, Orixá da Pureza); Obàtálá (Rei em vestes brancas ou Rei da Pureza); Atérerekáyé (O que se expande por toda a extensão da terra); Elédá (Construtor); Alábaláse (Regente que empunha o cetro, símbolo da autoridade divina); Ibìkéjí Èdùmàrè, (Representante de Olodumare); Osàlùfon (Orixá da paz do reino de Ifón); Ògìrìyán (Aquele que se alimenta de iyán, inhame pilado); Òrìsà funfun (Orixá branco, Orixá limpo); Aládé séséefun (Rei cuja coroa é confeccionada com séséefun, miçangas brancas); Òrìsà Ifè (Orixá da cidade de Ifè).
Orixá da criatividade, da paz e da tranquilidade, neutraliza turbulências e torna seus devotos prósperos, desde que se esforcem para isso: Oxalá dá a seus filhos motivo para rir e eles riem. Este Orixá é exigente em relação ao senso de moralidade de seus filhos, que devem ser como a água da nascente. Exige que sejam corretos e de coração puro: Aiye won a toro bi omi a-f’oro-pon! (Suas vidas serão puras e límpidas como água apanhada logo cedo pela manhã!); Obatalá a dani bo ti ri (Obatalá faz a pessoa do seu jeito); Orisa to da abuke, lo se okun si aro ni idi (Orixá que fez o corcunda, é ele também que fez o aleijado mancar); Oba aji je igbin (O rei que come igbin logo cedo pela manhã).
As pessoas que nascem defeituosas são chamadas Eni Orisa (Devotos do Orixá), em homenagem a Oxalá, e devem respeitar certos tabus alimentares. Em algumas regiões é costume dizer-se a uma mulher grávida Ki Orisa ya ‘na ‘re ko ni o (Possa Orixá realizar um belo trabalho de arte para nós). Ouve-se também: Ki ‘se ejo eleyin gan-n-gan; Orisa l’o se e ti ko fi awo bo o (Os dentuços não devem envergonhar-se. Foi Orixá quem os fez e não providenciou cobertura suficiente para seus dentes).
Ayé won á tòrò bí omi afàárò-pon!
Suas vidas serão puras e límpidas como água apanhada na nascente logo cedo pela manhã!
Obàtálá adáni bó tí ri.
Obatalá fez a pessoa do jeito que ela é.
Òrìsà tó dá abuké, ló se okun sí aro ní idi.
Orixá é quem fez o corcunda e também fez o aleijado mancar.
Oba àjí je ìgbín.
O rei que come ìgbín logo cedo pela manhã (ìgbín como símbolo de autocontrole, paciência e serenidade).
Oxalá é cultuado por toda a terra iorubá. Mulheres estéreis pedem a benção de conceber e mulheres grávidas bebem água de seu santuário para terem filhos bonitos. Inválidos são tratados com essa mesma água, colhida de manhã bem cedo, devendo a pessoa que vai apanhá-la permanecer em silêncio total durante a realização dessa tarefa. A água do santuário de Oxalá deve ser trocada todos os dias para manter-se pura. Antigamente apenas mulheres virgens ou sem atividade sexual e de indiscutível reputação moral podiam apanhar água em sua nascente. Durante todo o percurso de ida à fonte e retorno, para evitar que lhe dirijam a palavra, a pessoa que apanha a água faz soar continuamente o agogo, informando tratar-se de um cortejo sagrado.